MEDO E COBRANÇAS
A suspeita de que o serial killer conhecido como 'Monstro da Ceasa' voltou a agir mobilizou a polícia, a imprensa, entidades de direitos humanos e familiares das outras vítimas, e mais uma vez colocou em xeque a capacidade de a polícia paraense prender o acusado.
Anteontem, Quarta-feira de Cinzas, um homem obrigou um garoto a entrar na mata da Ceasa e foi flagrado enquanto espancava e tentava estuprá-lo. O agressor fugiu e o menino está sob proteção policial. Várias circunstâncias levantam a suspeita de que o acusado é o mesmo que já matou outros três garotos: o local onde a nova vítima foi abordada (bairro da Cremação) e para onde foi levada (mata da Ceasa); a cor (morena) e a idade (11 anos) do menino; a questão da violência sexual (estupro com características homossexuais) e a descrição do acusado (alto, moreno e magro).
Um fato de características fantásticas soma-se a essas circunstâncias: uma irmã de Ruan Sacramento (um dos meninos mortos pelo 'Monstro da Ceasa') teria incorporado ontem, mediunicamente, o espírito do irmão e, como se fosse Ruan, pediu sem causa aparente para ser levada à mata da Ceasa, para falar com o investigador 'Rui'. O 'espírito' de Ruan teria, inclusive, descrito o agressor como o mesmo que matara já três meninos. Ao ser levada à mata, a moça primeiro surpreendeu a família, que não sabia que a polícia ali estava em uma busca; e surpreendeu a própria polícia (inclusive o investigador Rui, que ela não conhecia) e a imprensa, já que os familiares das vítimas anteriores nada sabiam da busca, até por não haver confirmação de vínculos.
Independentemente de confirmações e para além da mediunidade, o fato repercutiu ontem em rádios e televisões e o serial killer voltou a fazer parte do medo e da indignação de todos. A presidente da OAB-PA, Mary Cohen, afirmou de forma categórica que, se uma das vítimas fosse de classe abastada, a polícia já teria prendido o assassino. Marco Apolo, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, afirmou que a polícia paraense deveria pedir ajuda nacional e até internacional para resolver o caso. Enquanto isso, o diretor de Polícia Metropolitana, delegado Paulo Tamer, diz que é precipitado afirmar que o novo agressor seja mesmo o serial killer e diz que a demora dos resultados no caso se deve à complexidade desse tipo de investigação.
Acompanhe nesta e nas duas páginas seguintes mais um capítulo dessa história policial que já mexe com a cidade há mais de um ano.
Desconhecido atraiu o menino com dez reais
Um menino de 11 anos foi atraído para as matas da Ceasa, na última quarta-feira, onde foi espancado e violentado sexualmente por um homem que pode ser o mesmo que ficou conhecido como 'Monstro da Ceasa'. A suspeita de que o maníaco tenha voltado a agir foi reforçada por um fato curioso ocorrido ontem, durante o levantamento de local de crime realizado por peritos do 'Renato Chaves'. Uma irmã de Ruan Sacramento, uma das vítimas do maníaco da Ceasa, chegou ao local dizendo ter 'incorporado' o espírito do irmão. A adolescente teria dado a entender que se trata da mesma pessoa, inclusive dando a descrição física do agressor. O fato surpreendeu a todos, já que a família de Ruan não sabia da presença dos peritos e da polícia nas matas da Ceasa, naquele horário.
Por volta do meio-dia da última quarta-feira, o garoto de 11 anos foi abordado por um desconhecido numa rua próxima à sua residência, no bairro da Cremação. O local exato dessa abordagem não foi informado pela polícia, que ainda mantém muitas informações sob sigilo para que a investigação não seja prejudicada. O agressor ofereceu R$ 10 para que a criança 'apenas reparasse a bicicleta dele'. No entanto, ao topar o suposto trabalho, o garoto foi levado para a Estrada da Ceasa, onde foi obrigado a entrar na mata. O agressor o ameaçou por meio de força física.
O garoto foi salvo por um transeunte que passou pelo local. O homem, ainda não identificado, notou uma bicicleta estacionada à margem da pista. Ao se aproximar, ouviu gritos e avistou o menino sendo espancado dentro da mata. O transeunte interrompeu o crime, chegando a travar luta corporal com o agressor, que conseguiu fugir na bicicleta. Até ontem de manhã, a polícia tentava localizar essa testemunha para ouvi-la em depoimento.
A vítima relatou ainda que o agressor teria perdido o aparelho celular antes de entrar na mata. A criança foi obrigada a procurar o objeto, mas não o encontrou. Durante o levantamento de local, os peritos deram especial atenção a esse fato, já que o celular do agressor poderia conter informações preciosas para a investigação. Até equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para derrubar uma área de capim alto na margem da pista onde o aparelho poderia estar.
No entanto, ao final do levantamento de local, nada de relevante se encontrou, segundo a polícia.
Apesar de várias semelhanças entre o modo de agir do agressor da última quarta-feira com o chamado 'Monstro da Ceasa', o delegado Waldir Freire acredita que ainda é cedo para garantir que os dois sejam a mesma pessoa. 'Tanto que o caso dessa criança da Cremação ficará a cargo da delegada Deuza Seabra, da Delegacia do Marco. Nós, da Força-Tarefa que investiga o caso Ceasa, vamos apenas acompanhar as investigações dela e cruzar informações', disse ele.
Apesar de várias semelhanças entre o modo de agir do agressor da última quarta-feira com o chamado 'Monstro da Ceasa', o delegado Waldir Freire acredita que ainda é cedo para garantir que os dois sejam a mesma pessoa. 'Tanto que o caso dessa criança da Cremação ficará a cargo da delegada Deuza Seabra, da Delegacia do Marco. Nós, da Força-Tarefa que investiga o caso Ceasa, vamos apenas acompanhar as investigações dela e cruzar informações', disse ele.
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